Um dos maiores desafios enfrentados na prática de exercícios de alta intensidade está relacionado ao retardamento do início da fadiga muscular. Uma vez iniciado o processo de fermentação láctea, o pH do músculo decai e, como consequência, tem-se interrompida a glicólise (responsável pela geração de energia na célula na forma de ATP) , o processo normal de contração muscular e a resíntese de fosforilcreatina (que é uma fonte de energia de reserva).
A carnosina é sintetizada primordialmente no músculo esquelético a partir dos aminoácidos L-histidina e -alanina em uma reação catalisada pela enzima carnosina sintase. Encontrada em alguns tipos de carne, a carnosina pode ser obtida pela dieta, mas não é absorvida em sua forma íntegra para a corrente sanguínea, já que a enzima carnosinase, presente no aparelho digestório, rapidamente hidrolisa o dipeptídeo. É uma importante molécula encontrada nas fibras musculaes, que age contra a fadiga muscular, pois esta funciona como um tampão que atua inibindo os efeitos negativos da liberação de H+ e, portanto, contra a fadiga muscular.
O músculo esquelético não produz nenhum dos precursores da carnosina, já que a histidina é um aminoácido essencial e a -alanina tem sua síntese endógena restrita aos hepatócitos. A -alanina é precursora da carnosina. Diversos estudos mostraram que a suplementação de -alanina promove um aumento da quantidade de carnosina nas fibras musculares e, por tanto, um retardamento da fadiga muscular. Imaginando-se a relação direta com o desempenho em provas de corrida, este pode melhorar em uma média de quase 3%, porcentagem esta suficiente para tornar o último finalista campeão de uma prova.
Ainda não está definida a quantidade correta e ideal de -alanina a ser suplementada. Estudos científicos apresentaram uma variação de 2,4 a 6,4 g de -alanina suplementada ao dia. Dois estudos realizados com atletas de corrida de alta intensidade apresentaram as seguintes diferentes dosagens de -alanina: 4g ao dia pelo período de 49 dias (Kern and Robinson, 2011) e uma crescente variação de 2,4 a 4,8 g ao dia durante os 30 dias de estudo (Derave et al, 2007). Apesar das diferentes dosagens, os efeitos positivos da suplementação de -alanina mostrou-se o mesmo.
Citando ainda um terceiro e importante estudo (Kendrick et al., 2008), a fim de se verificar os efeitos da suplementação de -alanina sobre a força máxima de jovens adultos, foi proposta uma dosagem 6,4 g ao dia pelo período de 70g. Esta foi a dosagem mais alta de todos as pesquisas realizadas, contudo os efeitos da suplementação de -alanina foi o menor identificado.
Logo, apesar de os resultados para a suplementação de beta-alanina serem positivos no retardamento da fadiga muscular, muitos estudos ainda são necessários para a utilização segura de acordo com. o tipo de esporte praticado e objetivos sem causar danos à saúde.
Muito interessante o artigo!
ResponderExcluirEm teoria, a suplementação de b-alanina pode ser útil em provas de alta velocidade, pelo fato do menor acumulo de h+, em decorrência do efeito tamponante?
Olá Bruno, não trabalho com atletas de alta perfomace, só com praticantes de atividade física.
ResponderExcluir