Ácido Linoleico Conjugado - CLA
O Ácido Linoléico Conjugado (CLA) se refere a uma mistura de isômeros do ácido linoléico (18:2 n-6) em que as duplas ligações são conjugadas em vez de existirem na configuração interrompida metilênica típica (MOURÃO et al., 2005).
O CLA foi descoberto na década de 70, e desde então, vem sendo estudado de forma constante e exaustiva quanto às suas supostas propriedades benéficas à saúde, em especial a redução da gordura corporal, o que tem sido associado ao controle das doenças crônicas degenerativas (SANTO-ZAGO; BOTELHO; OLIVEIRA, 2008).
Ele é naturalmente encontrado em alimentos como carnes bovinas e de demais animais ruminantes (PARIZA; PARK; COOK, 2001), como também em aves, ovos e leite e seus derivados, como queijos e iogurtes, desde que tenham sofrido algum tratamento térmico. Gorduras vegetais não são fontes significativas de CLA. No entanto, este pode ser produzido a partir do ácido linoléico encontrado no óleo de girassol, por um tratamento tecnológico especial. O CLA foi originalmente encontrado na gordura presente no leite, sob forma de triglicerídeos e fosfolipídios. Há fortes evidências de que o leite humano seja uma fonte importante de CLA (HENDLER, 2001).
O CLA não pode ser produzido pelo organismo humano e apesar de estar presente em muitos alimentos, diversos fatores ambientais e relacionados ao estilo de vida podem bloquear com facilidade a enzima que transforma esse ácido graxo na sua forma biologicamente ativa (SMEDMAN; VESSBY, 2001). Em virtude disto, pesquisadores estão estudando diversas estratégias para aumentar, de forma natural, a concentração de CLA em alimentos, dentre elas, modificando a ração de vacas com suplementação de ácidos graxos insaturados.
Estudos
O consumo de CLA vem sendo atualmente relacionado a efeitos anticarcinogênicos (LEE et al., 2005), antiaterogênicos e, para os indivíduos fisicamente ativos e atletas, agiria sobre a composição corporal, reduzindo o percentual de gordura, contribuindo para o aumento da massa magra. No entanto, essas ações do CLA vêm sendo estudadas, sobretudo em pesquisas experimentais com animais. São poucos, na realidade, os estudos com humanos.
Há muitas controvérsias a respeito da suplementação de CLA devido aos diferentes efeitos fisiológicos citados por várias pesquisas (BOTELHO; SANTOS-ZAGO; REIS et al., 2005).
O primeiro estudo duplo-cego placebo-controlado com suplementação de CLA em humanos (indivíduos normolipidêmicos) para investigar o efeito do CLA no metabolismo de lipoproteínas foi publicado em 2001 (NOONE et al., 2001). O efeito da suplementação (3 g/d), durante 8 semanas, com misturas isoméricas de CLA em diferentes proporções (50:50 ou 80:20) dos isômeros 9c,11t e 10t,12c em sujeitos normolipêmicos, resultaram na observação de que a mistura isomérica 50:50 reduziu significativamente as concentrações de triacilgliceróis (-20%), enquanto que para a mistura 80:20 não foi observado nenhum efeito. Novamente foi indicado o isômero 10t,12c como redutor dos níveis de lipídios. A concentração plasmática de triacilgliceróis tem sido identificada como um fator de risco para as doenças cardiovasculares (YANAGITA; NAGAO, 2008) e um importante contribuinte para a aterotrombose (CICHOSZ, 2007).
Um estudo randomizado feito por Norris et al., 2009, com mulheres pós menopausa, obesas e diabéticas tipo 2, observou que a suplementação de CLA durante 16 semanas obteve resultados benéficos, sendo que houve uma diminuição do peso corporal, IMC, percentual de gordura e ainda houve uma melhora no controle glicêmico das mulheres (NORRIS et al, 2009).
Outro estudo feito com 53 indivíduos saudáveis observou que os indivíduos que consumiram 4,2 g de CLA por dia obtiveram uma redução de 3,8% de gordura, comparado com os indivíduos não consumiram o CLA (SMEDMAN; VESSBY, 2001).
Entretanto, apesar de alguns estudos demonstrarem resultados benéficos, outros estudos têm demonstrado efeitos contrários. Uma série de estudos experimentais feitos em animais e estudos de revisão tem mostrado que a suplementação de CLA pode levar ao aumento do fígado, esteatose hepática, hiperinsulinemia e diminuição dos níveis séricos de leptina (WEST et al., 1998; DELANY et al., 1999 ; TSUBOYAMA-KASAOKA et al., 2000; KELLY, 2001; POIRIER et al., 2005).
Sendo assim, são necessários mais estudos para elucidar a ação sobre a composição corporal e sobre os demais efeitos associados à suplementação de CLA. Vale lembrar que a ANVISA, com o intuito de proteger e promover a saúde da população, proibiu a comercialização no Brasil do CLA, até que os requisitos legais que exigem a comprovação de sua segurança de uso, mecanismos de ação e eficácia sejam atendidos (ANVISA, 2007).
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